Meu pequeno truque para controlar a ansiedade
A vida é uma correria, mas não é subindo em uma esteira que você vai vencer
Os muitos Siddharthas sobre minha mesa, meus textos e meu modo de viver, de maneira geral, denunciam minha inclinação para o jeito budista de viver. E quem dera eu conseguisse de fato viver como um buda, iluminado.
Ainda assim, me permito beber de outras fontes, porque como um buscador, vez ou outra, terei sede em terras estrangeiras. Inevitavelmente.
A Bíblia Sagrada é gigantesca, e apesar de ser um livro extremamente flexível, do ponto de vista de ser tão preciso em diferentes situações, é um livro do qual tenho poucas mensagens tatuadas em mim. Uma delas é:
Não andeis ansiosos por coisa alguma
Dalai Lama tem uma frase incrível sobre nós sermos nosso próprio inimigo. E é exatamente isso. É uma briga constante para me impedir, me motiva, me conhecer, me recriar, etc.
Eu tenho a impressão de que nós estamos vivendo a vida como se ela fosse uma esteira de linha de produção. Uma fábrica de alimentar ansiedade.
Estamos sempre querendo saber qual é o próximo passo, o que vem depois. E se eu não conseguir? E se eu não souber o que fazer? Ficamos tentando adivinhar o que está vindo para já ir preparando e lidar melhor com a situação.
Enquanto isso, deixamos de viver a situação atual. (e isso é muito triste! Estamos perdendo momentos únicos de nossas vidas, porque estamos pré-ocupados com o que pode vir, e o que já está aqui-agora não é tão importante assim, então, podemos meio que ignorá-lo)
O momento atual acumula com o próximo, vira uma bola de neve e nos enrolamos todo, com os próprios pensamentos, com os próprios sentimentos, com as próprias vidas.
O lado bom da esteira da vida e como a meditação se relaciona com ela
O lado bom dessa esteira é que ela traz até você. A gente foi criado numa cultura de buscadores, de no pain no gain, e tantos outros sinônimos para isso, que, sim, embora tenha sua razão, a gente simplesmente deixou de exercitar o lado recebedor.
A maneira tradicional de orar é muito parecida com essa ideia de buscar, ir atrás, pedir, denota falta, insatisfação, incompletidade — a palavra não existe, mas você entendeu o conceito, né?
Meditar, por outro lado, é o lado recebedor da coisa. É aguardar as coisas virem, apreciando o que já está aqui. É, acima de tudo, permitir que as coisas venham, estar “em casa” para receber.
A arte de improvisar
Eu sou o cara do improviso, o cara do “na hora a gente vê”. Planejar demais pode gerar expectativa, angústia, medo, insegurança, ansiedade. Eu, como estagiário de administrator de emoções, não me permito me enfiar em cenários assim. É desnecessário. Evito. Planejo com ressalvas.
Eu tenho pequenas metas de produzir textos como este, e o prazo para postar estava acabando e eu não tinha nada em mente. Procurei como um doido assuntos bacanas para compartilhar — o que foge do meu propósito, inclusive — e não encontrei nada.
Decidi deixar para lá. Se não tiver nada, foda-se, não vai ter nada. Sentei, respirei fundo e consumi o “não andeis ansiosos por causa alguma”. Era exatamente a mensagem que eu precisava. E por isso, compartilho com você.
Eu não sou o teu guru!
Tudo o que eu posto aqui são lições de mim para mim, são lembretes, são (auto)aconselhamentos. Acabo compartilhando contigo porque, em algum momento, pode te servir como um abraço.
Se eu puder te aconselhar: exercite seu estado receptivo da vida, mete o foda-se, e mergulha no momento. Não é porque a vida é uma esteira, que você precisa subir nela e correr sem parar. Ao final do dia, você nunca terá saído do lugar. Então… Pra quê? Sabe?
Se não der, não deu. Faz parte do jogo!
Não corra (mas não perca tempo), não fique ansioso. Aprenda a desacelerar, a ficar, a viver.
Relaxa que vem. E vem.
♡