Aceitação é o primeiro passo para a cura, a liberdade e a paz interior
Como se aceitar, aceitar aos outros e às coisas que acontecem na vida
Aceitação é um assunto sobre o qual eu consigo ouvir fluir da boca de Buda, Osho, Sadhguru, Jesus, Amma, Mooji, e tantos outros líderes maravilhosos.
Na narrativa bíblica da criação, depois que tudo foi formado, depois que Adão e Eva foram expulsos do Jardim do Éden, um anjo foi colocado entre o homem e o paraíso.
O paraíso é um lugar criado com muito cuidado. Uma coisa por vez. Onde o homem possa viver, dominar e se multiplicar. É o propósito do paraíso. É para isso que ele foi feito.
Nós vivemos a vida tentando voltar para o lado de lá do “portão”, atrás de abundância, prosperidade, paz, harmonia… O anjo que se coloca entre nós e o paraíso me parece ser como o visgo do diabo, criado por J.K. Rowling, em Harry Potter.
Grosseiramente falando, o visgo do diabo é como se fossem vários cipós ou raízes que sufocam todos aqueles que caem nele, exceto aqueles que mantém a calma, aqueles que aceitam a situação. Estes, passam ilesos para o outro lado.
Esta analogia surgiu na minha cabeça enquanto eu lia a lei do mínimo esforço, do livro “As sete leis espirituais do sucesso” do Deepak Chopra:
A lei do mínimo esforço possui três componentes básicos, três coisas que você pode fazer para pôr em prática o princípio do “faça pouco e realize muito”. O primeiro componente é a aceitação. (…) …entender que este momento é como deve ser, porque todo o universo é como deve ser. (…)
Quando você luta contra este momento, está lutando contra todo o universo.
…
Aceitar é reconhecer as coisas como são. Ao invés de tentar forçá-las a ser algo que não são. E isso não significa que devemos permanecer neste estado para sempre.
É sobre isso. E está tudo bem.
Sério!
No texto sobre manifestação (lei da atração), nós conversamos sobre o verdadeiro motivo por trás de um desejo. E, no contexto da aceitação, a pauta também tem relevância. Afinal, nossas frustrações surgem de expectativas não cumpridas, quando a realidade 3D é diferente da que imaginávamos.
Tapete de boas-vindas
O primeiro passo para lidar com essa situação é, como diz o Dr. Jon Kabat-Zinn, Ph.D.:
“estender um tapete de boas-vindas para ela”.
Por mais contra-intuitivo que possa soar, é o caminho mais simples, mais curto e mais eficaz para sair do visgo do diabo. O tapete de boas-vindas abre um caminho pelo qual podemos sair do epicentro da dor e do sofrimento. Passo por passo.
É como o Deepak Chopra diz: ou eu estou lutando contra o fluir do universo, ou eu estou fluindo com o universo. A paz e a guerra não podem co-existir.
Sim, eu não queria estar aqui, mas, é exatamente sobre isso: quando eu aceito o fluxo, o próprio fluir vai me levar para outro lugar, outro estado.
Consciência
O segundo passo é analisar a origem da frustração, ou da dor. De onde vem? Por quê?
O simples fato de tirar estas informações do campo do inconsciente, e trazê-las para o campo consciente, já faz (muita) diferença. Deixa de ser um monstro debaixo da cama, e passa a ser o que realmente é.
Um bom indicativo de resistência e rejeição está no “deveria” ou “não deveria”. Isso deveria ser assim. Ela deveria ter feito tal coisa. Eu não deveria...
Abraçar a aceitação requer que eu tire estas obrigações entre nós.
Aceitar o presente não é assinar um contrato perpétuo daquela situação.
Em outras palavras: aceitar a vida como ela está agora não significa que ela vai ficar assim para sempre (só porque você aceitou). Aceitação não é abrir mão do desejo de mudança. Você pode sim querer mudar, especialmente quando você está vivendo um inferno.
Aceitação é, simplesmente, entender que:
eu não posso mudar o que já aconteceu, o que já está aqui, agora, feito.
Antes da última gota
Nos permitimos acreditar que uma única ação desencadeia todos os resultados. E não é bem assim. A última gota pode até fazer a água transbordar, mas todas as gotas que vieram antes dela têm participação nisso.
Ou seja: cada momento é resultado de inúmeras decisões tomadas. Não é “ah, se eu não tivesse falado tal-coisa”, “se eu tivesse ficado em casa”, se isso, se aquilo.
A gente normalizou uma tortura completamente sem sentido.
Reação vs. Resposta
Aceitação também não significa que você deve ser totalmente passivo e ou virar saco de pancada da das outras pessoas.
Suas fronteiras precisam continuar em pé, seu espaço precisa proteger seu Eu. Você pode dizer “não”, você pode se retirar de locais, você pode encerrar ciclos e relacionamentos…
Tenha em mente que há diferença entre “reagir” e “responder”.
A maneira como eu gosto de perceber este contraste é: “reagir” é algo automático, sem pensar; “resposta” é o que o nome diz: uma resposta. Sendo que, algumas coisas/pessoas não merecem uma (resposta). Eu escolho a quem, o quê, como e quando responder. Portanto:
Reação é robótico e imediato. Resposta é escolha consciente.
Não reagir me dá espaço para pensar. Não é muito espaço, mas o bastante para pensar. O que realmente está acontecendo? Quais são as outras possibilidades? Qual a melhor resposta para isso?
Especialmente na hora da emoção, é muito fácil cair na armadilha do julgamento, e, simplesmente, decidir que a pessoa fez de propósito, que ela é ruim, vingativa, ou o-que-for. Mas nem sempre é o caso.
Sim, às vezes, é, mas se ela é assim, é um problema dela, é a energia dela. Eu não preciso vibrar na mesma sintonia. Se ela é infeliz… que seja. Não é minha obrigação salvar o mundo. Mas, é minha responsabilidade não me conectar com esta energia. Escolhas.
Alguns exercícios que me ajudam a aceitar:
Meditação da testemunha
Eu chamo de “meditação da testemunha” aquela meditação de sentar-se à beira da estrada (a própria mente) e apenas assistir o ir e vir dos carros (pensamento), sem tentar controlá-los ou seguir um em particular.
Para mim é o caminho mais fácil para as demais aceitações. Quando eu treino minha mente para aceitar a constante-mudança dos pensamentos, eu estou mais perto de aceitar a mim mesmo, às pessoas e às situações. Torna-se minha natureza.
Mantras
Pequenas afirmações que me ajudam a lembrar que tudo bem as coisas não saírem conforme o esperado. Elas me ajudam a perceber internamente as reações e sinais de rejeição; o que me ajuda a trazer minha atenção de volta ao aqui e agora, à respiração, algo (sobre o qual tenho controle).
- As coisas são como são.
- Isto é passageiro.
- Eu posso aceitar isso.
- Eu consigo passar por este momento.
- Eu estou exatamente onde eu deveria estar.
- Eu não preciso (e nem posso) mudar o passado.
Auto-aceitação
Não importa quantas voltas eu dê, sempre acabo voltando ao ponto inicial do convite para se conhecer, o convite de Deus a Abraão sobre autoconhecimento, o famoso lech lechá.
Nos primeiros anos de vida, é normal que a “casa” coloque expectativas em você. Para seguir uma religião, ter uma profissão, ou qualquer-coisa nesse sentido. Mas, depois de algum tempo, estas expectativas que (eram dos outros) se tornam as suas próprias. E você se frustra consigo mesmo porque não as atingiu.
Ter expectativas, sonhos e projeções para si e o futuro é importante — e saudável, eu diria — , desde que elas sejam suas, e não dos outros. E, desde que elas sejam realistas, que não sejam pautadas na vida-de-instagram (ou LinkedIn) dos outros.
É sempre um convite para se olhar no espelho, e entender se eu não estou associando o meu valor, reconhecimento, e mesmo o ato de receber amor e atenção, com atingir metas e ou conquistar coisas. Se estiver, pauso tudo e ressignifico.
Cuidado com como você termina a frase “eu deveria ter…” e “eu deveria estar…”, especialmente se tiver um “já” nesta frase. Não carregue o mundo nas costas.
Aceitação do mundo e dos outros
É consequência da auto-aceitação. Os outros não têm-que ser como eu quero, imagino ou idealizo que sejam. E eu posso aceitá-los como são — o que não significa que eles têm permissão de invadir meu espaço, nem que eu tenha obrigação de permanecer perto deles.
Aceitação é o paradoxo de entender que o primeiro passo para mudar as coisas é aceitar estas coisas como elas estão.
💛
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